Construindo um dos maiores assistentes financeiros no Whatsapp do Brasil
Várias dicas e insights de negócios
Bem-vindos a mais uma edição :)
Na edição de hoje, trago uma entrevista que tive com o João, co-founder e CPO da Magie (head de produto).
Esta news está incrível. Algumas coisas que você vai aprender:
Como criar produtos virais no WhatsApp;
Como criar um onboarding que viraliza;
Insights sobre Go to Market e produto.
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Construindo um dos maiores assistentes financeiros no Whatsapp do Brasil - case MAGIE.
O artigo de hoje é um compilado de uma entrevista que gravei com o João, co-founder e CPO (chefe de produto) da Magie.
Se você está pensando em construir um produto digital, especialmente no WhatsApp, este conteúdo é OURO PURO.
Veja a entrevista completa no vídeo abaixo👇🏽
Enjoy..
Quem é João Camargo e o que é a Magie?
João é advogado de formação, nascido em Brasília. Contrariando o caminho tradicional do funcionalismo público que predominava em seu círculo, ele foi pelo caminho do empreendedorismo. Fundou a Clarke (empresa de energia vendida recentemente para o grupo Energiza), trabalhou 3 anos e meio na Loft, e há cerca de 2 anos começou a empreender na Magie.
A Magie
A Magie é um assistente financeiro que funciona inteiramente pelo WhatsApp. Começou como uma ferramenta de pagamentos, e evoluiu para o que João chama de "CFO pessoal" - um assistente que cuida de toda a sua vida financeira.
"A Meg era aquele produto óbvio que ninguém tinha feito ainda, né? Quando você vê, fala: putz, faz muito sentido, como é que ainda não inventaram isso?”
O produto mudou muito desde o lançamento. No início, a Magie funcionava mais como um banco - você precisava depositar dinheiro para fazer pagamentos. No fim do ano passado, eles lançaram a integração com Open Finance, criando uma nova experiência.
"Hoje, a Magie parece mais assistente, a gente não quer necessariamente competir com os bancos. Eu quero que você use qualquer banco que você tenha por meio da Megie."
Com a Megie, você pode:
Fazer PIX através de uma mensagem ou um áudio;
Pagar boletos apenas encaminhando-os;
Acessar seu dinheiro em qualquer banco via Open Finance;
Receber lembretes de contas;
E tudo isso sem precisar baixar NENHUM app;
É aquele produto que resolve uma dor real, de forma simples e mágica. E o melhor de tudo, é que ele opera dentro de um canal de distribuição que todo brasileiro tem instalado no celular.
O MVP mais manual do mundo
O primeiro insight da conversa e um dos pontos mais clichês, que muitos não seguem, é a importância de testar o MVP da forma mais manual possível.
João fez tudo na mão. Durante 2 meses, teve aproximadamente 100 clientes, trabalhando 24/7, inclusive, nas madrugadas.
Ele tinha um celular com WhatsApp e seu notebook. Os usuários mandavam as mensagens acreditando que estavam falando com IA, e ele fazia manualmente todos os pagamentos.
"Eu acordava várias vezes durante a noite. Minha namorada queria me matar porque dormia, acordava, dormia, acordava. Tinha gente que pagava duas da manhã, cinco da manhã... foi um período intenso da minha vida."
Por que fazer isso? Para entender PROFUNDAMENTE como os usuários utilizavam o produto, e quais dores ele realmente resolvia.
Só depois disso, começaram a automatizar gradualmente: primeiro o PIX, depois os boletos, e assim por diante.
Nota pessoal: Não tenha pressa de automatizar.
Entenda, por primeiro, se o seu produto resolve uma dor real.
Descobrindo o público ideal
Inicialmente, a equipe da Magie tinha três hipóteses de público:
Pessoas de alta renda;
Pais e mães;
Pequenas empresas (PJs).
Através do processo manual, descobriram naturalmente quem tinha maior fit com o produto:
"A gente viu que quem é alta renda começa a ter uma complexidade de pagamento muito maior. A pessoa tem duas casas, tem obrigações de empresas... E quem é pai também tem muitas obrigações de pagamento por conta dos filhos."
O desafio de ter um produto 100% no WhatsApp é que ele tem uma abrangência muito grande de públicos, e isso ajudou (e outras vezes nem tanto) na viralização - além do fato, é claro, de ser gratuito e simples.
Mecânicas de viralização
Aqui está a parte mais fascinante do artigo: como a Magie construiu seus mecanismos de viralização nativos do WhatsApp.
A Magie é um produto 100% PLG (Product-led growth), ou seja, o produto é o próprio motor de aquisição de clientes.
"Grande parte dos nossos dólares vem disso [PLG]."
1. A estratégia do R$ 1,00
Para vencer a barreira da desconfiança (afinal, quem confia em depositar dinheiro em um número aleatório de WhatsApp?), eles invertem a lógica:
"Todo mundo que cria conta na Megie recebe R$ 1,00 para poder fazer a primeira transação antes de depositar."
Isso gerou dois efeitos poderosos:
Reduziu a barreira de desconfiança;
Proporcionou o "momento mágico" (a-ha moment) - ver que funciona de verdade.
A equipe chegou a testar uma versão ainda mais agressiva dessa estratégia, oferecendo o real logo na primeira mensagem, antes mesmo da abertura de conta. O resultado?
"Dobrava o volume de leads por hora. Ficou uma coisa totalmente fora de escala, que a gente teve que ver. Então, tem esse balanço de viralidade e qualidade do lead."
Eles perceberam que viralidade sem qualidade pode ser um problema - às vezes, é preciso recuar e refinar a mecânica.
2. Comprovantes como canal de aquisição
Olha o que acontece quando você faz um pagamento pela Magie (GENIAL):
"O comprovante no WhatsApp vai ser encaminhado. A gente oferece para o cliente a opção de a Megie mesmo encaminhar, e aí a Megie entra em contato com a pessoa que você pagou e se apresenta como seu assistente."
Ou seja: cada pagamento vira uma oportunidade de aquisição de novos usuários!
3. Identificando momentos sociais
A equipe percebeu que certos tipos de pagamentos aconteciam em momentos sociais (como dividir a conta em um bar), criando naturalmente oportunidades de demonstração do produto (eu mesmo já fiz isso várias vezes rs).
"Sexta-feira eu vou dividir a conta no bar com os amigos, e ali eu tenho a oportunidade de falar sobre a Magie. A gente identifica esses comportamentos, e qual tipo de interação tem mais potencial de viralidade."
Por que construir no WhatsApp?
João destacou vários benefícios de construir um produto no WhatsApp:
Baixa barreira de entrada: não precisa baixar nada, todo brasileiro já usa;
Distribuição pronta: já está no celular de praticamente todo brasileiro;
Mecanismos de viralidade nativos: características sociais da plataforma;
Experiência "seamless": facilidade de testar sem fricção;
Elementos de interface emergentes: carrosséis, flows e outras ferramentas que estão evoluindo.
"O WhatsApp e outras plataformas conversacionais vão ser uma plataforma muito mais relevante no futuro do que são hoje. Há vários negócios que vão ser construídos em cima dele."
Tem muita mecânica da própria plataforma que você fica pensando como construir produto em cima."
Mas, o mais importante:
"A jornada de pagamento começa na cobrança, e boa parte das pessoas físicas são cobradas no WhatsApp. Então, o canal é relevante para a dor que a gente quer resolver."
Nota pessoal: Pesquise canais que seus clientes usam para resolver a dor deles. Entender isso pode te dar uma enorme vantagem competitiva.
API oficial vs. não oficial
No início, para testar rapidamente, usaram API não oficial do WhatsApp, mas, logo migraram para a oficial, pelos seguintes benefícios:
Acesso a recursos como flows (para autenticação);
Carrosseis para comunicação de features;
Botões para confirmar transações;
Mais segurança para os usuários.
"A Meta tem sido bastante convidativa para as pessoas conseguirem construir em cima do WhatsApp. Baixou o preço, oferece recursos... tem vários elementos que você só tem na API oficial."
Risco de plataforma
Outro ponto importante é que WhatsApp não oficial dificilmente consegue um valuation, pelo alto risco de plataforma.
Os desafios do crescimento
Alguns desafios de ter produtos via WhatsApp:
Confiança: fazer as pessoas confiarem em transações financeiras via WhatsApp;
Educação: ensinar os usuários a interagirem com um produto conversacional;
Competição: grandes bancos já começaram a copiar elementos da experiência;
Risco de plataforma: dependência do WhatsApp (embora João veja mais benefícios do que riscos).
Sobre competição
"A gente está buscando fazer algo muito diferente do que faz sentido para o incumbente perseguir. A gente não quer ser banco, a gente quer ser CFO pessoal. A gente quer ter modelo de negócio alinhado com o usuário."
Uma proposta de valor clara
"O interesse do banco não é sempre ser alinhado com o do usuário. E a gente quer construir um assistente que cuida da vida financeira, mas que tenha modelo de negócio que seja alinhado e que vai resolver a vida da pessoa de N formas."
É muito importante ter essa clareza. Muitas vezes, nos deixamos levar construindo várias funcionalidades para ganhar da “concorrência”, quando, na verdade, o foco está em olhar para dentro e entender melhor seu negócio, o que você resolve, e para quem.
Lições aprendidas
Foco no usuário acima de tudo: "Estar muito próximo do produto, usuário usando o produto é bem relevante, principalmente, nesse tipo de interface nova.".
Pensar pelos primeiros princípios: "Não ter benchmark te força a pensar diferente e criar experiências únicas.".
Produto acima da concorrência: "Não é a concorrência que determina o sucesso ou não... é quem constrói o melhor produto, quem consegue achar o canal de distribuição.".
Explore janelas de oportunidade: "Tem uma oportunidade muito grande de construir produtos diferentes nesse momento em que a gente está vivendo. A Magie, três anos atrás, era impensável.".
Tempo para o valor: "Construímos o produto para que o time to value (tempo para valor) seja o menor possível.".
O onboarding é fundamental: "Às vezes, você tem produto ok com onboard excelente, e te leva mais longe do que ter produto muito bom com onboard péssimo. E, quando o seu produto é novo, tem esse elemento de levar o usuário até o ponto em que clica, que aquilo faz sentido para ele."
Nem tudo precisa ser automatizado no início: começar de forma manual permite entender profundamente o comportamento do usuário antes de investir em automação.
O futuro da Magie
A Megie é uma Startup VC-backed, ou seja, seu foco não é monetizar no curto prazo, mas, ganhar mercado.
"A gente começou por pagamento, porque é onde tem mais recorrência, tem mais frequência do usuário. Se a gente começasse por seguro, o usuário iria falar com a gente uma vez a cada ano."
"Esse ponto do time to value e da frequência que o usuário consegue extrair valor do que você está oferecendo é muito relevante para você conseguir um produto que seja baseado em Product-Led Growth."
Atualmente, eles poderiam monetizar com o float (rendimento dos depósitos), mas, optam por repassar o CDI para os usuários e ter um produto melhor.
Eles planejam expandir para outras áreas da vida financeira em breve, seguindo a visão de se tornarem um verdadeiro CFO pessoal.
Obrigado por ler até aqui :)
A magie ele construiu no N8N? Para construir assistentes assim quais ferramentas e conhecimentos são necessários?