Da ideia ao exit de R$ 715 MI: lições do fundador da Reserva, Rony Meisler
Uma aula de MBA
Bem-vindos a mais uma edição :)
Nesta edição, recebo um convidado especial, Rony Meisler, cofundador da Reserva. Tivemos uma conversa rica sobre criação de conteúdo, construção de produtos digitais, Micro-SaaS e muito mais. Enjoy!
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Da ideia ao exit de R$ 715 MI: lições do fundador da Reserva, Rony Meisler
Introdução e Apresentação
Rony Meisler é o fundador da marca Reserva, que se notabilizou no Brasil e, posteriormente, deu origem ao grupo de marcas Arezzo&CO.
Antes de qualquer coisa, o Rony se considera um vendedor, enfatizando que é impossível ser um empreendedor de sucesso sem saber vender. Sua experiência principal foi em 3 grandes pilares: audiência, comunidade e produto - ACP.
A construção da marca e o funil ACP
A metodologia ACP (Audiência, Comunidade, Produto) foi aplicada empiricamente na Reserva, muito antes de Rony conhecer o conceito formalmente.
A estratégia consistia em criar uma comunidade interna forte, movida por valores sólidos, e uma cultura atrativa, que posteriormente transbordava para o mercado externo. Essa voz autêntica da marca fazia com que ela se diferenciasse de um commodity comum, tocando as pessoas de forma genuína.
De acordo com o Rony, quanto maior fosse o propósito criado internamente, mais forte se tornava a comunidade interna. Sua filosofia é que um escritório, mesmo com apenas duas pessoas, já constitui uma comunidade, e a qualidade dessa comunidade interna se reflete na comunicação e na voz da marca para o público externo.
O exit e a nova jornada
Em 2020, com a empresa faturando R$ 400 milhões, a Reserva foi vendida para a Arezzo (marca conhecida por Chuto Sapatilha) por R$ 715 milhões 🤑.
Rony brinca que foi um "up-sell de serviço", pois o negócio incluiu um acordo de quatro anos de trabalho adicional para ele, liderando o braço de lifestyle e moda da nova empresa formada, enquanto a Arezzo mantinha o foco em calçados.
Esse período foi extraordinariamente bem-sucedido: levaram a empresa de R$ 400 milhões de faturamento, em 2020, para R$ 2 bilhões, em 2024. Após realizar a sucessão e, com a vontade empreendedora ressurgindo, Rony decidiu deixar a empresa no final de 2024 para empreender novamente.
A transformação pessoal e os produtos wellness
Durante o período pós-exit, Rony passou por uma profunda transformação pessoal.
Há dois anos, após um checkup de saúde que revelou que seus "KPIs de vida" estavam uma "cagadas", ele percebeu que estava colocando em risco o que mais valorizava: sua família.
Essa epifania levou-o a reordenar suas prioridades: voltou à terapia, fez um curso de meditação transcendental, aumentou suas horas de sono de 4-5 para pelo menos 7 horas por noite, e reorganizou sua agenda para passar mais tempo com a família.
Durante esse processo de autoconhecimento, Rony começou a prestar atenção nos produtos que consumia e deixava de consumir - coisas que antes nem olhava no supermercado. Notou que a maioria dos produtos wellness e saúde que passou a consumir eram gringos e muito caros no Brasil.
Mesmo não se considerando um "cara de alimentação saudável, raiz", começou a se questionar: se ele estava querendo consumir esses produtos, deveria haver mais gente como ele.
Por que tinham que ser importados? Por que não existiam produtos brasileiros?
A descoberta de uma oportunidade de mercado
Com o passar dos meses, o Rony descobriu que existe uma indústria super profissionalizada no Brasil, terceirizável, com ciclo muito curto e mínimos baixos. Era um "playground para o empreendedor" - em 90 dias, alguém pode ter um negócio pronto nesse setor.
Ele identificou uma demanda reprimida clara: o consumidor brasileiro busca produtos de maior saudabilidade (produtos, serviços, educação e tecnologia), mas, isso é muito pouco oferecido no Brasil. Observou também que pelo menos 10% dos jovens que se formam, hoje, pretendem empreender em wellness, saúde ou longevidade.
O mercado global de wellness e saúde movimenta 6,3 trilhões de dólares, com perspectiva de chegar a 9 trilhões até 2029. O Brasil é o 12º mercado global, mas, com baixa oferta interna comparada à demanda.
O nascimento da Rebels Ventures
Com toda essa análise de mercado, Rony decidiu "mudar de lado do balcão", criando a Rebels Ventures - um venture capital e builder, fundo de investimentos e construção de novos negócios. O objetivo é ser sócio de empreendedores que atuam no ambiente de wellness e saúde.
Para interessados, o site é rebels.cc.
A descoberta dos Micro-SaaS
Durante sua jornada empresarial, Rony enfrentou dificuldades de integração entre áreas de negócio e desenvolvimento de software - uma dor comum no mercado. Ele sentia que as áreas tentavam tanto compreender umas as outras que "já desistiam de entender uma as outras", resultando na área de negócio, não querendo entrar no backlog.
Pesquisando soluções, ele descobriu o conceito de Micro-SaaS. Já tinha experiência prévia com sistemas (trabalhava "vendendo sistemas"), e seu pai era da área de tecnologia, então, sua casa sempre foi muito ligada ao digital.
Na empresa, Rony tinha uma regra clara: se existissem mais de 15 recursos desenvolvendo uma funcionalidade desejada, eles não desenvolveriam internamente, mas, contratariam o SaaS existente. Com o advento da IA, o Micro-SaaS oferece uma aceleração e possibilidade enormes.
A entrada na comunidade de Micro-Saas
Rony sempre teve a filosofia de "não vou tentar comprar o conhecimento", mas pesquisar na internet quem é a melhor pessoa no Brasil em determinado assunto. Ele identificou Bruno como a melhor referência brasileira em Micro-SaaS, fazendo a engenharia reversa dos canais, chegando aos cursos e à comunidade.
Atualmente, participa de 4 ou 5 comunidades diferentes. De acordo com o Rony: "conselho é bom, exemplo arrasta" - porque "se ideia valesse alguma coisa, era vendida a 10 centavos o balde".
Lições do mundo Micro-SaaS
A principal lição aprendida, segundo Rony, pode ser resumida no slogan que virou meme: "primeiro você começa, depois melhora". Rony chegou a sugerir esse como slogan para a Comunidade.
A metodologia Micro-SaaS permite começar rapidamente. Com IA aplicada e ferramentas no-code/low-code, às vezes, em horas, é possível ter uma solução, um "botãozinho", que atende o cliente causando boa impressão. Distribui-se nas mídias sociais, observa-se o feedback, e vai-se melhorando.
A comunidade oferece exemplos práticos constantes. Quando alguém precisa de uma solução (exemplo: B2B para vender bem de consumo), imediatamente recebe quatro ou cinco referências de quem já fez algo similar. Esse "balde de exemplos" diário é extremamente valioso para Rony.
Micro-SaaS e IA democratizando o desenvolvimento
Para produtos digitais, segundo Rony, a comunidade dá opiniões sobre problemas a resolver. O empreendedor tem duas alternativas: contratar desenvolvedores/agências (muito caro) ou aprender sobre Micro-SaaS (custando, no máximo, algumas dezenas de dólares mensais).
Hoje, é possível desenvolver software Micro-SaaS falando em português, usando copilot. Não precisa entender Python, Java ou qualquer linguagem - basta explicar, em português, o que se quer, e as ferramentas ensinam a implementar.
É um ciclo infinito: desenvolveu o produto com feedback da comunidade, pergunta se ela quer comprar, depois pergunta se pode divulgar para amigos. Ciclo infinito de feedback e venda usando ACP com produto Micro-SaaS. Mas, uma coisa está vinculada à outra - só se consegue desenvolver um Micro-SaaS bom perguntando para a comunidade qual é a dor dela.
Micro-SaaS para além dos desenvolvedores
Rony destaca que o nome "Micro-SaaS" pode confundir, mas, é óbvio para quem conhece e valioso para empresários não-técnicos.
Para pessoas de tecnologia, facilita muito, mas, com IA, no-code, low-code, os desenvolvedores vão ter menos trabalho, e mais recursos disponíveis. O mercado está vendo muitos novos empreendedores vindos da tecnologia - "dev empreendedor".
São os early adopters, primeiro usando Micro-SaaS e IA, reconhecendo que não dá para lutar contra isso. Mas, gestores e pessoas de área de negócio não deveriam achar que usar GPT é usar IA. Micro-SaaS é muito mais para eles do que para técnicos.
Para executivos, Rony explica: existem tarefas repetitivas, apertando botões, transferindo planilhas. Micro-SaaS resolve isso. Aprendendo, ganha-se tempo para coisas que realmente precisam da pessoa.
A importância da marca pessoal para empreendedores
Rony começou a trabalhar sua marca pessoal quando "tudo era mato", muito antes de outros CEOs entenderem sua importância. Segundo ele, o algoritmo privilegia pessoas físicas sobre jurídicas por um motivo simples: ganha dinheiro com pessoa jurídica (que vai colocar cartão de crédito para impulsionar), enquanto pessoa física tem alcance orgânico muito maior.
Para empreendedores, trabalhar marca pessoal não é opcional - é obrigatório, segundo Rony.
"Ah, não sei fazer" - pode-se escolher fazer algumas coisas ou não, mas, marca pessoal é obrigação.
"Ah, eu faço mal" - melhor fazer mal do que não fazer. É como fazer o market share do negócio: pode-se não gostar, mas, não pode deixar de fazer.
As três formas de escalar um negócio (Leverage)
Para o Rony existem três formas de dar escala a um negócio:
Capital: Se existe dinheiro para investir. Ou tem ou não tem - não é opção para todo mundo.
Código: Desenvolvimento de tecnologia ou Micro-SaaS. É possível ter um investimento que pode escalar para o mundo todo. Tecnologia era mais cara, antigamente, mas, hoje em dia, é cada vez mais acessível.
Conteúdo: A forma mais fácil, barata e rápida, mais acessível. "Para fazer conteúdo, é só ligar a câmera", segundo Rony. Capital não é opção para todos. Hoje, cada vez menos, mas, até três anos atrás, era preciso dinheiro para investir em tecnologia.
Conselhos para empreendedores iniciantes
Primeiro recado de Rony: Façam parte da comunidade Micro-SaaS.
Segundo: Como esse canal, existem diversos especializados pelo mundo. Para newsletters, não assinem 20 - "quem tem 20 opiniões não tem nenhuma opinião". Usem GPT para descobrir qual é melhor newsletter para o perfil de vocês. No máximo, duas. Assinem três ou quatro newsletters as que se comprometam a ler todos os dias ou toda edição.
Três pilares essenciais, segundo Rony:
Curiosidade: Para buscar informação na internet, ler livros;
Coragem: Para executar ideias que vierem a reboque;
Micro-SaaS: Como excelente ferramenta de execução rápida, fácil, barata.
Obrigado por ler até aqui. Assista a entrevista completa pelo YouTube.
Enriquecedor!