De 0 a 1 é mais difícil do que de 1 a 2 (parte 2)
O mundo dos empreendedores de Micro Private Equity
👋🏼 Bom te ver por aqui novamente :)
→ Novo neste mundo de Micro-SaaS? Fiz esta playlist para você.
→ Tem uma ideia e não sabe por onde começar? Conheça meu curso gratuito.
→ Veja +1.000 Micro-SaaS: Acessar diretório.
→ Junte-se a +6.000 empreendedores construindo Micro-SaaS.
Bom dia!
Antes de tudo, obrigado novamente por subscrever a nossa newsletter. Para ser sincero, essa experiência de escrever tem sido extremamente enriquecedora para mim. Espero que você estejam se divertindo com essas ideias e teoricas malucas.
Qualquer feedback é bem vindo, basta responder este email :)
No artigo 2 sobre Micro Private Equity, dei um overview sobre a dinâmica e as motivações dos empreendedores por trás das firmas MPE. Aqui, vou elaborar um pouco mais sobre:
Como as MPE operam;
Vantagem de comprar e não construir;
Compra de faturamento, e não crescimento;
Necessidade de um Centro de serviços compartilhados;
Produtos “sticky” + low touch/self service model: qual o melhor modelo?
De 0 a 1 é mais difícil do que de 1 a 2 (parte 2): Micro Private Equity (MPE)
1. Como elas operam:
Em relação às MPE, existem 3 modelos de operação:
i) Você compra um trabalho;
ii) Você contrata um operador;
iii) Você compra uma nave mãe.
No primeiro modelo, digamos que você é um empreendedor não técnico. Neste caso, você pode comprar um produto mais maduro de uma vertente que você conhece e pronto. Você agora é o CEO de uma startup. Com tração, clientes, produto, tudo rodando. O desenvolvimento pode ser terceirizado ou você pode começar a montar um time em volta da empresa.
Este modelo também serve muito bem para empreendedores técnicos. Você compra um produto “ok”. De um mercado que você entende, e sabe como operar. Você passa 3 a 4 meses refatorando todo código e todo banco de dados. Monta um roadmap em cima das demandas dos usuários e voilà.
Parabéns! Você comprou um trabalho. Ser o CEO de um Micro-SaaS vai fazer sua mãe orgulhosa e você vai ser a sensação da festa da firma. Mas, na realidade, é um trabalho mais modesto.
Você provavelmente comprou com algumas ideias de como crescer, ou uma visão de um ângulo único que os empreendedores anteriores não viram. Não tem absolutamente nada errado em comprar um trabalho, só não ache que será “fácil”.
Precisa de muito amor para fazer um negócio crescer. E esse amor, precisa ser convertido em dedicação e planejamento, como qualquer negócio.
No segundo modelo, você pode contratar um operador. Este é mais “tricky”. Pensa comigo, adquirimos um SaaS que fatura 2k mês e cresce 5% MoM (mês a mês). No ano, você tem um faturamento de quase 40k. MUITO BOM!! mas, esse faturamento mal paga as despesas da sua empresa.
Pensa comigo, vamos super que essa empresa adquirida tem uma demanda de 5 a 10 tickets de suporte dos clientes por semana. Isso já começa a tomar um certo tempo para responder e resolver (ou você achou que ia comprar um SaaS e sentar e ver sua conta bancária crescendo todo mês sem trabalho? hehe)
Em paralelo, você precisa montar um centro de serviço compartilhado (falaremos depois sobre) para contratar freelancers a um custo variável para dar manutenção em determinadas áreas da empresa.
Convenhamos. No Brasil, 2-3 mil reais por mês - sendo que uns 30% são custos + 10% impostos - fica difícil viver com essa quantia. Imagina contratar um CEO (mesmo que JR) para tocar o negócio?
Este modelo para de pé se você tiver seu SaaS faturando em torno dos 200k ano. Com este volume, acredito sim ser possível ter uma ou duas pessoas dedicadas por projeto, ainda mantendo uma boa margem e gerando caixa.
1 CEO JR - 50k ano
1 Dev JR - 50k ano
Custos - 25k ano
Marketing budget - 25k ano
Merdas variáveis - 50k ano (acontece!)
Total: 200k - sendo bem simplista
No terceiro modelo você tem uma empresa, que vamos chamar de Nave Mãe. Ela já fatura. Já tem um time. Um produto. Faz com que tudo seja mais simples. Ela é a empresa que puxa as outras.
Eu amo esse conceito. Ele não é sexy, mas a vida fica mais fácil. Você compra, por exemplo, um Micro-SaaS que tem um público específico. Você pode agregar seu Micro-SaaS dentro da Nave Mãe ou, você pode descartar a tecnologia e ficar com a base de clientes. Enfim, as possibilidades são inúmeras.
Dinheiro faz dinheiro na sua mais pura essência.
2. Porque comprar e não construir
Você empreendedor está vindo da startuplandia. Você está acostumado com empresas que crescem 20% ao mês. Não é esse o ponto de montar uma startup? Não é todo o motivo de ter uma empresa de software? Escalabilidade?
Há várias razões que te levam a comprar uma empresa ao invés de começar uma:
Não precisa adivinhar se as pessoas vão querer ou não este produto. Eles já pagam por ele;
Você tem um negócio complementar que você pode fazer cross-sell;
Você pode pular várias etapas de validação de hipóteses (o que devemos construir, como e se as pessoas pagariam pelo serviço);
Você pode comprar uma fonte de receita adicional;
Você pode se focar em growth ao invés de construir um MVP (produto mínimo viável);
Em resumo, a transação é parecida com investimento imobiliário. Você compra, melhora e “aluga” ou “vende”.
3. Comprar faturamento e não crescimento
Comprar faturamento é um negócio pragmático. Churn (taxa de cancelamento) baixo. Um pouco de crescimento (pelo menos 1.5x > churn). Exemplo: se duas pessoas cancelam, você precisa ter 3 novos pessoas comprando.
Provavelmente as startups de Micro-SaaS vão querer vender um sonho de crescimento, mas no mundo do Micro-SaaS você está comprando faturamento e não uma promessa de crescimento.
Outro ponto curioso, é que você tem um aliado ao seu lado neste jogo. O tempo. Enquanto o churn for menor que o growth, você estará bem.
4. Centro de Serviços Compartilhados
Para que a margem do seu Micro-SaaS seja competitiva você precisa do mínimo possível de custos fixos. Para isso, você precisa ter uma gama de freelancers disponíveis para trabalhos pontuais.
Se você já tem uma Nave Mãe, então tudo bem, pode compartilhar recursos entre as empresas.
Agora, se você tem uma firma de MPE com 3 - 5 - 10 empresas precisará terceirizar o máximo possível de serviços para gerar caixa e ter rentabilidade.
5. Produtos “sticky” + low touch/self service model
Por fim, vamos aos produtos. Aqui é um debate interessante. Mais vale comprar um Micro-SaaS que tem um Ticket alto de venda para b2b ou comprar um Ticket baixo mais self-service?
A verdade, é que não sabemos ainda qual o melhor modelo. Minha tese é que produtos que são mais self-service (Product Led Growth), como trial ou freemium, tendem a ser melhores aquisições. A venda é realizada de forma mais “automática” e, quanto menos dependência de uma intervenção humana na venda, mais “fácil” fica o processo de crescer (você pode vender até enquanto dorme :P).
Obrigado por ler até aqui :)
Quer avaliar sua startup ou quer indicar para seu amigo avaliar a dele?
Gostou do artigo? Compartilhe e me incentive a fazer mais.
Seu feedback é muito importante. Compartilhe seus comentários abaixo ou responda este email.