Minissérie de 3 artigos 💡
1º Como ganhar dinheiro comprando Micro-SaaS (este artigo)
2º Como ganhar dinheiro vendendo Micro-SaaS
3º Como escalar dinheiro comprando Micro-SaaS
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Comprando e vendendo Micro-SaaS
Artigo 1 de 3:
Conhecendo o mundo dos MPE.
Há 19 meses atrás
Quando comecei esta newsletter, minha visão era outra. Minha hipótese inicial consistia em montar um portfólio de Micro-SaaS por meio da aquisição de Startups e Micro-SaaS, conhecidos como “distressed assets”, ou seja, empresas “ativos estressados”, ou empresas com dificuldades financeiras que sejam early-stage (estejam em estágio inicial).
Esse modelo de negócio foi inspirado na Xo.Capital - uma das primeiras (se não a primeira) empresas de Micro Private Equity. E não estou falando de aquisições de milhões de dólares, mas, de alguns milhares, mesmo. Aquelas que operam abaixo do radar.
A minha ideia era comprar 2 Micro-SaaS e, usando um pouco da minha experiência, construir um portfólio através de aquisições. Eu pensava ainda, em seguida, em crescer os projetos lentamente, até que a operação se pagasse e começasse a gerar lucro.
A tese da newsletter era deixar público todo o processo de compra e crescimento do meu portfólio. O primeiro artigo que escrevi foi para introduzir o tema, e no segundo eu tratei sobre alguns benchmarks de Micro Private Equity (MPE).
Os empreendedores de Micro Private Equity normalmente são ou empreendedores que já trabalharam com startups ou vieram do mercado de Venture Capital. A tese deles é que empresas que faturam menos de 1M ano são extremamente desvalorizadas. E, que empresas de nicho podem ser negócios incríveis independente do tamanho do mercado.
Veja o artigo completo abaixo.
Acontece que, desde então, apesar de a minha tese ser a mesma - montar um portfólio de Micro-SaaS -, fui conhecendo mais sobre meu público-alvo e sobre qual tipo de conteúdo gera mais valor. Foi então que decidi mudar a linguagem dos meus conteúdos, logo no início - mudando de “Como montar um portfólio de Micro-SaaS através de aquisição” para “Como montar um portfólio através de construção”. Assim, meus artigos passaram a ser direcionados à construção de Micro-SaaS e conteúdos de fomento do empreendedorismo.
2024 será um ano importante para MPE
O ecossistema de Micro-SaaS está ficando cada dia maior. A comunidade já passou de 5.800 membros, e cresce exponencialmente, diariamente. Já são +1.000 projetos que sugiram ao longo desses árduos quase 2 anos de trabalho.
Isso significa que ainda estamos na fase de plantação. A fundação está sendo lentamente erguida, e os empreendedores estão aprendendo a jogar o jogo do empreendedorismo - que é o jogo do longo prazo.
Em 2024, acredito que vamos começar a colher os frutos do amadurecimento de muitos projetos da comunidade. Já temos alguns poucos que se destacam e crescem acima da curva - projetos com 2 a 3 pessoas na equipe, que faturam acima de R$ 150 mil por mês.
No Brasil, há muitos empreendedores experientes que já ganharam dinheiro construindo empresas de tecnologia, assim como muitos executivos e investidores experientes.
Isso significa que, naturalmente, essas pessoas vão conhecer e entender como usar sua experiência operando micro assets (ativos) e, lentamente, o Micro-SaaS, se bem cuidado e estruturado, começará a gerar uma renda contínua, com um esforço controlado.
Por este e vários outros motivos, resolvi construir uma série de 3 artigos sobre os Micro Private Equity e sobre como ganhar dinheiro comprando Micro-SaaS.
Neste primeiro artigo, para tratar sobre o tema, convidei meu amigo e membro da comunidade privada, Lucas Magrin, que está desenvolvendo um dos primeiros veículos de MPE no Brasil - a MicroAlpha.
Como comecei neste mundo
por Lucas Magrin
Atuei nos últimos anos em uma venture builder. Uma das minhas responsabilidades era identificar empreendedores experientes para liderar novas Startups. Não qualquer empreendedor, mas aqueles que já haviam empreendido e “fracassado”.
Após inúmeras conversas, percebi que muitos empreendedores criaram negócios validados, com clientes e receita. Então, por que falharam? Cheguei à conclusão de que isso ocorreu porque seus negócios não seguiam os requisitos do capital de risco.
Não ser aceito pelo funil de alto crescimento significa ficar estagnado e não participar das maiores rodadas de investimentos. Por essa lógica do capital de risco, a maior parte das Startups brasileiras ainda não são bem-sucedidas.
Foi a partir daí que comecei a perceber que deveria existir uma rota alternativa para empreendedores e investidores, mas, a pergunta ainda era “como”?
Encontrei a resposta quando o Bruno escreveu o artigo 0 a 1 é mais difícil que 1 a 2. Mais do que uma alternativa, quase uma “antítese” do capital de risco. Essa foi a faísca para eu começar minha jornada no Micro Private Equity.
MPE para leigos
Existem basicamente dois tipos de empreendedores:
I) Aqueles que constroem negócios a partir do zero;
II) Aqueles que aumentam o valor de negócios já existentes.
Quem atua como Micro PE acredita que o segundo caminho é mais fácil, e isso é muito bem contextualizado pela frase “0 a 1 é mais difícil do que 1 a 2”.
‘A lógica é simples: é mais fácil comprar uma startup com o produto minimamente validado, com alguns poucos clientes pagantes e um canal de aquisição minimamente funcional do que montar uma empresa do zero.’
Atuar com Micro PE também significa acreditar que é possível aumentar o valor de um negócio adquirido, seja ele bem-sucedido, estagnado ou até mesmo em declínio.
Validar negócios (0 a 1) não exige as mesmas habilidades do que crescer (1 a 2). Então, a partir dessa ideia, quem atua na estratégia precisa se especializar em escalar negócios validados.
Seu “irmão mais velho”, o Private Equity, também se envolve em aquisições, mas, uma Micro PE é diferente porque opera em estágios iniciais, adquirindo pequenos negócios de nichos. Ao fazer isso, atua em uma posição semelhante ao capital de risco, contudo, com um alvo que geralmente não é atraente para aqueles que buscam unicórnios.
Os 4 conceitos de um MPE
Adquirir, ao invés de construir do zero;
Gerar valor por meio de habilidades de escala, ao invés de gerar valor por habilidades de validação;
Atuar com empresas de tecnologia de nicho, ao invés de atuar com Startups em mercados amplos;
Pulverizar um portfólio de micronegócios, ao invés de focar em um único negócio.
Por que adquirir é mais fácil do que montar?
No seu fascínio por fundadores carismáticos, o setor de tecnologia parece ter esquecido de que muitos de seus maiores negócios seguiram outra trajetória:
Facebook teve seu início nas visões dos Winklevoss;
Tesla possui suas raízes com Martin Eberhard e Marc Tarpenning;
Uber começou como a ideia de Garrett Camp;
YouTube chegou ao mundo por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim;
Instagram nasceu pelas mãos de Kevin Systrom e Mike Krieger.
A lição é que a melhor pessoa para fazer um negócio crescer, muitas vezes, não é a fonte de inspiração ou quem tirou a ideia do papel. Grandes impérios são construídos por meio de estratégias de aquisições, e aqui vão alguns exemplos:
Roy Thomson: A estratégia de Roy Thomson era adquirir jornais em cidades com mais de 15 mil habitantes, onde pelo menos uma loja estivesse disposta a anunciar diariamente. Com essa abordagem, Roy conseguiu construir um império de mídia, adquirindo centenas de jornais em todo o mundo. Ele transformou sua empresa, a Thomson Newspapers, em uma das maiores do setor de mídia, que mais tarde se tornou a Thomson Reuters, avaliada em mais de $50 bilhões.
Mark Leonard: Leonard é o fundador da Constellation Software (CSI), um conglomerado de softwares que adquire e mantém empresas de mercado vertical. A estratégia da CSI envolve manter as aquisições no portfólio, com foco em empresas de software com receita consistente e crescimento sólido. Leonard iniciou a empresa em 1995, com $25 milhões, e a transformou em um império com mais de 600 empresas de software em várias verticais, avaliado em mais de $40 bilhões.
Syed Balkhi: Em 2009, Syed Balkhi lançou um blog de tutoriais do WordPress, o WPBeginner. A partir daí, Balkhi adotou a estratégia de adquirir empresas em vez de começar do zero, construindo um ecossistema por meio da compra de plugins do WordPress a preços vantajosos, e aprimorando o desempenho de suas aquisições. Hoje, seu império de plugins gera mais de $100 milhões em receita, e possui uma avaliação bilionária - tudo isso sem levantar um dólar em investimento.
Andrew Wilkinson: A Tiny começou como uma empresa de serviços em parceria com a MetaLab, uma agência de design sediada no Canadá. Andrew fundou a MetaLab em 2006, quando tinha apenas 19 anos. Após um rápido crescimento, em 2016, ele começou a adquirir uma variedade de negócios. A Tiny possui várias empresas sob seu guarda-chuva, e mantém a maioria das empresas adquiridas independentes. Alcançou uma receita de mais de $150 milhões em 2022.
Joe Liemandt: Liemandt é um empreendedor bilionário conhecido por fundar a Trilogy Software e a ESW Capital. Iniciou sua carreira empreendedora aos 21 anos, quando fundou a Trilogy Software, em 1990, e posteriormente estabeleceu a ESW Capital, em 2006. A ESW Capital é uma empresa de investimento que adquire empresas de software nos Estados Unidos, e as transforma em máquinas de geração de lucro. Liemandt é conhecido por sua abordagem focada na redução de custos e maximização de lucros, e a ESW adquiriu mais de 100 empresas desde a sua fundação.
Robert F. Smith: Fundador e CEO da Vista Equity Partners, é conhecido por ter adquirido mais de 500 empresas de software. A Vista gerencia um portfólio de mais de $100 bilhões em ativos, e é uma das cinco maiores empresas de software empresarial. É famosa por seu playbook de 110 pontos, mantido em segredo, que, combinado com alavancagem, gera retornos impressionantes, enfatizando cortes de custos e realocações estratégicas. Continuando ativa, a Vista mira em empresas de software empresarial com dificuldades no mercado público.
Fonte: blog de Colin Keeley.
Os 6 benefícios da aquisição
Existem bons motivos para MPE utilizar a estratégia de adquirir ao invés de construir do zero. Alguns deles são:
1. Reduzir risco
Adquirir um negócio existente reduz riscos ao herdar uma base de receita validada, e evita os desafios da criação do zero, como identificar o cliente ideal, desenvolver uma proposta de valor sólida, estabelecer canais de distribuição e determinar estratégias de monetização.
2. Economia de tempo
As etapas iniciais frequentemente apresentam uma alta taxa de falha, o que implica em um possível grande investimento de tempo antes de validar um negócio promissor.
Ao adquirir um negócio, você está adquirindo os erros, conhecimento e progresso, permitindo pular diretamente para a “resposta certa”. Adquirir um negócio é adquirir tempo.
3. Histórico de informações
Todo negócio parte de premissas, e um grande desafio ao construir do zero é o alto grau de erro nas estimativas. Por isso, ter números históricos é algo muito valioso.
Ao adquirir um negócio, você obtém um histórico financeiro da empresa. Isso torna o planejamento e o orçamento mais fáceis e precisos.
4. Receita imediata
A aquisição de um negócio estabelecido oferece uma fonte de receita imediata. Isso alivia a pressão por fluxo de caixa e fornece autonomia financeira desde o início.
Essa disponibilidade de receita é valiosa para atrair investidores e planejar o crescimento, além de possibilitar manobras financeiras ousadas, como alavancagem por dívidas.
5. Controle da estratégia
Não é incomum que negócios precisem pivotar até alcançar a validação. Assim, quando começamos algo do zero, sabemos de onde partimos, mas é difícil prever para onde vamos.
Adquirir um negócio proporciona controle estratégico, permitindo a inclusão de ativos com sinergia operacional no portfólio.
6. Especialização
Vale mencionar que as habilidades e estratégias necessárias para escalar um negócio já validado são significativamente diferentes daquelas utilizadas para criar algo do zero.
Isso permite que aqueles que atuam em aquisições se especializem em expandir e gerar valor para os negócios.
Crescer rápido vs crescer rentável
Ecossistema de rápido crescimento x Ecossistema lifestyle business
Micro PE é diferente porque atua em um ecossistema diferente.
No ecossistema de rápido crescimento de Startups, empreendedores começam com uma ideia promissora em um mercado bilionário, atraindo apoio inicial, muitas vezes de amigos e familiares. O objetivo é criar o MVP e, em seguida, buscar novos investidores para alcançar o famoso Product Market-fit (PMF).
Esses apoios são traduzidos no formato de Investimento Anjo ou de Venture Capital (VC), e acabam sendo essenciais para o desenvolvendo da grande maioria das Startups no mundo.
Após rodadas de captação com VCs (Venture Capital), essa jornada pode levar a Startup a atingir um nível de maturidade em que o Private Equity entra para fazer um investimento significativo com o intuito de continuar impulsionando o crescimento até um eventual IPO.
Por outro lado, o Micro Private Equity opera em um ecossistema em que empreendedores (builders/executores) atuam em equipes pequenas, geralmente de 1 a 3 pessoas. Eles identificam oportunidades em nichos específicos e buscam construir um negócio lucrativo e rápido, em que eles possam aproveitar seu conhecimento e estrutura para crescer de forma saudável.
Para tentar explicar um pouco melhor, vou resumir abaixo minha interpretação das diferenças do Micro PE em relação aos modelos tradicionais das Startups de rápido crescimento:
*Existem exceções, mas, categorizado aqui onde está a maioria dos casos.
**Por ser um modelo novo, ainda é difícil de concluir, mas, esse é resultado de benchmarks atuais.
***Vale mencionar que Private Equity é um termo genérico que engloba diferentes estratégias, como Venture Capital, Growth e Buyout.
Essa junção de conceitos é o que torna uma Micro PE algo único:
Micro PE atua nas fases iniciais, focando em adquirir micronegócios simples;
Especialização em softwares de nicho evita competição com capital de risco;
Boas taxas de acerto e sucesso não dependem de um crescimento de 10x;
Otimização de recursos com estruturas enxutas e construção de portfólio;
Valor é gerado por crescimento de receita e melhoria operacional;
Utilizam a mesma estrutura de serviço (centro de serviço compartilhado) entre todos os projetos.
Podemos concluir, então, que os Micro PE visam explorar uma junção entre baixo/médio risco e bons retornos.
O foco está totalmente na aquisição de novos pequenos negócios lucrativos, em que os sócios possam utilizar de sua experiência para crescer o negócio mais do que o sócio anterior.
Existem vários perfis de MPE - desde pequenos fundos que compram Micro-SaaS que faturam entre U$ 10k de MRR até U$ 1M MRR. O foco está em utilizar a própria infraestrutura e canais de distribuição para crescer o negócio, sem a necessidade de manter o fundador original, apenas a tecnologia e a base de clientes.
E o mais legal disso tudo é que, atualmente, montar um MPE está se tornando cada vez mais acessível por conta de plataformas de M&A, como Acquire.
Vejo vocês no próximo artigo.
Obrigado por ler até aqui :)
Próximo artigo: PT 2 - Estudo de caso de venda de um Micro-SaaS